segunda-feira, 14 de maio de 2012

Autismo e Psicose

O que é o Autismo?

Autismo é uma disfunção global do desenvolvimento, crônica, incapacitante que compromete o desenvolvimento normal de uma criança e se manifesta tipicamente antes do terceiro ano de vida. É uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização (estabelecer relacionamentos) e de comportamento (responder apropriadamente ao ambiente) Esta desordem faz parte de um grupo de síndromes chamado transtorno global do desenvolvimento (TGD), também conhecido como transtorno invasivo do desenvolvimento (TID),  Caracteriza-se por lesar e diminuir o ritmo do desenvolvimento psiconeurológico, social e lingüístico. Estas crianças também apresentam reações anormais a sensações diversas como ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e degustar. A linguagem é atrasada ou não se manifesta. Relacionam-se com pessoas, objetos ou eventos de uma maneira não usual, tudo levando a crer que haja um comprometimento orgânico do Sistema Nervoso Central.
Antigamente, supunha-se uma causa orgânica, mas com o avanço da literatura psicanalítica surgiu à hipótese de que os pais seriam, de certa maneira, os causadores desta problemática. Atualmente, esta teoria caiu totalmente em desuso devido à enorme gama de estudos científicos, documentando um comprometimento orgânico neurológico central. Esta mudança nos conceitos obriga a uma reformulação teórica, difícil de ser aceita por certos grupos que até então detinham o controle e o poder de tratamento destas crianças e que se vêem ameaçados com estas novas descobertas. É importante que os pais tenham conhecimentos atualizados para poderem questionar ou escolher o tratamento adequado para seus filhos. Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam sérios problemas no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a rígidos e restritos padrões de comportamento.

O que é a Psicose?

A Psicose é um quadro psicopatológico clássico, reconhecido pela psiquiatria, pela psicologia clínica e pela psicanálise como um estado psíquico no qual se verifica certa "perda de contato com a realidade". Nos períodos de crises mais intensas podem ocorrer (variando de caso a caso) alucinações ou delírios, desorganização psíquica que inclua pensamento desorganizado e/ou paranóide, acentuada inquietude psicomotora, sensações de angústia intensa e opressão, e insônia severa. Tal é frequentemente acompanhado por uma falta de "crítica" ou de "insight" que se traduz numa incapacidade de reconhecer o carácter estranho ou bizarro do comportamento. Desta forma surgem também, nos momentos de crise, dificuldades de interacção social e em cumprir normalmente as actividades de vida diária.
Uma grande variedade de estressores do sistema nervoso, tanto orgânicos como funcionais, podem causar uma reação de sintomatologia, semelhante, porém não igual, a estrutura psicótica. Muitos indivíduos têm experiências fora do comum ou mesmo relacionadas com uma distorção da realidade em alguma altura da sua vida sem necessariamente sofrerem grandes consequências para a sua vida.
Para o psicodiagnóstico são feitas observações clínicas que incluem a anamnese, a história de vida do sujeito, seu quadro psicológico e de doenças. A depender do caso, pode-se chegar a meses para um quadro correto. O diagnóstico é feito com base na psicopatologia clínica e teórica.


Diferenciação no Diagnóstico entre Autismo e Psicose.

Quando pensamos esse diferencial entre autismo e psicose é importante se considerar que ambas as psicopatologias estão marcadas por diferentes impasses nos tempos da constituição do sujeito e da função simbólica do Outro.
Sabemos que a diferença entre autismo e psicose nem sempre está colocada e que, por vezes, as duas patologias são englobadas numa categoria bem ampla. É o caso do DSM-IV (1994) que denomina as perturbações graves da primeira infância como transtornos globais de desenvolvimento. Diferimos da proposta contida no DSMIV. Primeiro porque não considera autismo e psicose infantis como estruturas diferenciáveis, e segundo, porque define o diagnóstico a partir da descrição e agrupamento de fenômenos (estereotipias, movimentos de correr, falas bizarras ou mutismos, maneirismos, déficits intelectuais e outros). Nesse caso o diagnóstico se conclui pela classificação de uma patologia desde que apresente certo número de fenômenos descritos para o quadro. Nem sempre a questão do diagnóstico está diretamente ligada à classificação do quadro a partir da fenomenologia. Por vezes, os diagnósticos detêm uma preocupação quanto à causalidade da patologia.
Na constituição do sujeito autista a falta vai esta ligada ao laço da mãe, a interação dessa mãe com esse bebe, e na constituição do sujeito psicótico o que vai esta em falta é a castração, sendo assim a função ligada ao pai e a lei.

                                     


Indicação de Livros:

          Autismo e Psicose Infantil - Frances Tustin
             • Autismo e Psicose na Criança - Jeanne Marie de Leers Costa Ribeiro , Katia Alvares de Carvalho Monteiro
             Uma menina estranha – Autobiografia de uma autista”, de Temple Grandin e Margaret M. Scariano – Companhia das Letras
          • Autismo e outros atrasos do desenvolvimento – Guia prático para pais e profissionais”, de Christian Gauderer – Revinter
          • Vida de autista”, de Nilton Salvador - Age
          • Autismo e educação – Reflexões e propostas de intervenção”, de Claudio Roberto Baptista, Cleonice Bosa e colaboradores – Artmed
          Autismo – Construções e desconstruções”, de Ana Elizabeth Cavalcanti e Paulina Schmidtbauer Rocha, coleção “Clínica psicanalítica” – Casa do Psicólogo

 
Indicação de Leituras:

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE PSICOSE E AUTISMO: IMPASSES DO          TRANSITIVISMO E DA CONSTITUIÇÃO DO OUTRO - Sandra Pavone e Yone Maria Rafaeli
A INCLUSÃO DOS PAIS NA CLÍNICA DAS PSICOSES INFANTIS –
Ellen Fernanda Klinger, Beatriz Kauri dos Reis, Ana Paula Ramos de Souza
CONSIDERAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE O TRATAMENTO
DO OUTRO NO AUTISMO - Luciana Castilho de Souza
Autismo Infantil – Jose Salomão Schwartzman  e Colaboradores
MAZET, P.; LEBOVICI, S. Autismo e Psicoses da Criança. Trad. Leda Maria Fischer Bernadirno. Porto Alegre. Artes Médicas, 1991.
 TAFURI, M. I, Autismo Infantil Precoce e Nome Próprio: um estudo exploratório, teórico clínico, acerca do sistema de nominação; Dissertação de Mestrado. Brasília, UnB, Instituto de Psicologia, 1990.




O que são os TGD?

O que são Transtornos Globais do Desenvolvimento?

Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são distúrbios nas interações sociais recíprocas que costumam manifestar-se nos primeiros cinco anos de vida. Caracterizam-se pelos padrões de comunicação estereotipados e repetitivos, assim como pelo estreitamento nos interesses e nas atividades. Os TGD englobam os diferentes transtornos do espectro autista, as psicoses infantis, a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Kanner e a Síndrome de Rett.
Com relação à interação social, crianças com TGD apresentam dificuldades em iniciar e manter uma conversa. Algumas evitam o contato visual e demonstram aversão ao toque do outro, mantendo-se isoladas. Podem estabelecer contato por meio de comportamentos não-verbais e, ao brincar, preferem ater-se a objetos no lugar de movimentar-se junto das demais crianças. Ações repetitivas são bastante comuns.
Os Transtornos Globais do Desenvolvimento também causam variações na atenção, na concentração e, eventualmente, na coordenação motora. Mudanças de humor sem causa aparente e acessos de agressividade são comuns em alguns casos. As crianças apresentam seus interesses de maneira diferenciada e podem fixar sua atenção em uma só atividade, como observar determinados objetos, por exemplo. Com relação à comunicação verbal, essas crianças podem repetir as falas dos outros - fenômeno conhecido como ecolalia - ou, ainda, comunicar-se por meio de gestos ou com uma entonação mecânica, fazendo uso de jargões.    


Transtornos invasivos do desenvolvimento: é uma categoria que engloba transtornos caracterizados por atraso simultâneo no desenvolvimento de funções básicas, incluindo socialização e comunicação.
São eles:

1- Sindrome de Rett
2 - Síndrome de Asperger
3 - Transtornos degenerativos
4 - Autismo
Síndrome de Rett:
Causa de uma desordem neurológica
Identificada por volta de  6 a 18 meses
Acomete grande parte do sexo feminino - ligada ao cromossomo X
baixos padrões comunicacionais
movimentos estereotipados paulatinamente
uma desaceleração do crescimento cefálico
convulsões
respiração desregulada
escoliose.
Síndrome de Asperger:
É uma das entidades categorizadas pela CID-10 (4) no grupo dos Transtornos Invasivos, ou Globais, do Desenvolvimento – F84.
foi reconhecida pela DSM IV, em 1994 - sendo descrita como Psicopatia Autística em 1944
características:
a desarmonia de linguagem
vocabulário rebuscado
dificuldades em utilizar o primeiro pronome pessoal, devido à dificuldade de elaborar a própria identidade
dificuldade no estabelecimento de rituais
atitude estereotipada
Transtornos Desintegrativos:
São quadros em que ocorre um desenvolvimento normal durante os primeiros anos de vida, que começa a surgir uma perda nos padrões sociais e de linguagem, bem como alterações emocionais e de afeto e relacionamento.
Redução na sociabilidade e na linguagem duram um período curto sendo acompanhadas do surgimento de hiperatividade e estereotipias de comprometimento cognitivo.
Autismo:

Autismo é uma disfunção global do desenvolvimento, crônica, incapacitante que compromete o desenvolvimento normal de uma criança e se manifesta tipicamente antes do terceiro ano de vida. Caracteriza-se por lesar e diminuir o ritmo do desenvolvimento psiconeurológico, social e lingüístico. Estas crianças também apresentam reações anormais a sensações diversas como ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e degustar. A linguagem é atrasada ou não se manifesta. Relacionam-se com pessoas, objetos ou eventos de uma maneira não usual, tudo levando a crer que haja um comprometimento orgânico do Sistema Nervoso Central.
CID-9 (OMS, 1984) conceituava o autismo como um subtipo das psicoses com origem específica na infância.
DSM-III-R (APA, 1980) o considerava um tipo de distúrbio global do desenvolvimento, apresentando psicopatologia severa com distúrbios evolutivos precoces.
Com a evolução dos conceitos, o autismo, na CID-10 (OMS, 1993), passou a ser considerado um distúrbio do desenvolvimento.
CID-10 (OMS, 1993), o autismo é também caracterizado por padrões de comportamento, atividades e interesses restritos, repetitivos e estereotipados.